quinta-feira, 9 de junho de 2011

Uma sinfonia desafinada




Portugal vive por estes dias obcecado com a troika, essa coisa híbrida de papões com um livro de cheques e um ponteiro pronto a dar reguadas nos irrequietos e despesistas portugueses, e nos povos do Sul sobretudo, esses mandriões que trabalham pouco (as estatísticas provam o contrário…) envenenam o Norte com legumes contaminados (foi na Alemanha, não foi?) e só sugam dinheiro aos trabalhadores e honestos alemães, finlandeses e outros rostos ainda mais pálidos. Contudo, independentemente dos erros estruturais e endémicos da nossa economia de há décadas, há que perguntar: quem impôs o euro e os limites ao défice de 3% anuais quando ela própria não cumpriu essa regra durante vários anos? A Alemanha. Quem sugou os fundos estruturais para equilibrar as economias do Leste e do Oeste da Alemanha depois da reunificação, com diferenças de rendimentos e PIB de quase 1 para 10? A Alemanha. Quem ignorou que uma moeda única sem orçamento, política fiscal ou de investimentos unificada continha em si as fragilidades  que uma crise como a do Lehman Brothers pôs a nu?.A Alemanha. Como, porém, quem pode manda, aí estão eles, os que falharam na Grécia, na Argentina e no México a indicar o caminho das pedras. A ver se  continuaremos a ser federalistas e tão adeptos do famigerado Tratado de Lisboa quando os cidadãos da Europa acordarem e enfrentarem o Directório, não o de Bruxelas mas o de Berlim. Como dizia alguém por estes dias, a Alemanha dominando a Europa com um (avaro) livro de cheques na mão , fez mais pelo domínio do seu espaço vital que todos os blindados do III Reich. E sem violência.

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