terça-feira, 23 de agosto de 2011

Não se vai lá com aspirinas

O Verão português segue enviesado, sob o signo da troika, do sol avarento e da parca alegria com a victória dos jovens futebolistas na Colômbia. A rentrée aí está, e com ela a prova dos nove da resistência à austeridade, sobretudo quando nenhum sinal positivo, doméstico ou externo aponta luzes ao fundo do túnel, e a única luz pode não ser a da saída mas a duma locomotiva em sentido contrário dirigindo-se contra nós. O ano político que se avizinha é o ano de todos os perigos, não para o rotativismo dominante, unido na rendição ao estrangeiro, mas para a sobrevivência pura e simples das pessoas num nível de dignidade e com esperança no futuro. Até ao momento, a tradicional paciência dos portugueses aguenta-se, depois de nos primeiros tempos se praguejar contra os aumentos, o poder ou os políticos, mas o momento histórico talvez não dispense os mais empenhados de aumentar a pressão em prol dum país com futuro e não mero joguete no tabuleiro do casino em que o mundo dito globalizado se tornou. Aos portugueses que não querem emigrar nem desistir de si ou do país não resta outra saída senão aumentar a pressão por políticas com resultados que reponham a dignidade de ser português, que sucessivos governos lançaram na rua da amargura de forma inimputável e sem castigo. Podem estar a caminho novos dias da ira, mas não se deve, sob pena de claudicar por inteiro, adiar o futuro tratando-o com aspirinas. O tumor é grande e a cura um caminho estreito. 

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