segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Que futuro para a imprensa regional?


Num cenário pouco favorável à sobrevivência e consolidação da imprensa regional, os órgãos de comunicação necessitam cada vez mais de apoio e união. Vem isto a propósito da anémica situação da comunicação social local. Se é facto que falta um jornalismo de investigação, que muitos não arriscam, por falta de recursos e jornalistas, a verdade é que a maioria dos títulos também peca por uma frágil cobertura dos eventos, muitas vezes quase só reproduzindo os press release que lhes são enviados e pouco espaço abrindo para a discussão de temas que a todos interessam, suscitando a polémica construtiva ou debate.Neste plano, de realçar que quase nenhum jornal local hoje tem uma coluna ou página  regular onde se escreva sobre a vida cultural ou a história local, como ocorria em Sintra, por exemplo, no tempo do saudoso José Alfredo ou de Francisco Costa.
É certo que há também uma crise de leitores, que pouco procuram a imprensa regional, que apenas sobrevive baseada em alguma (pouca) publicidade, mercado igualmente em dificuldades. Assim sendo, os temas mais sensíveis são esquecidos, sujeitos às vaidades pessoais de políticos que se querem promover, dos artistas de plástico que pretendem viver da imagem mais que do talento, tudo se confinando à cobertura de almoços comemorativos, inaugurações (poucas, até essas) ou reportagens que muitas vezes se fazem de forma acrítica.
Os meios de comunicação que não se comprometam com a sociedade onde interagem correm o risco de desaparecer, não só porque hoje o site antecipa a notícia e o blogue diversifica a opinião.Há que ser pró-activo e não reactivo, procurar a notícia e não esperar pelo mail ou press release, ser voz e dar voz, crítica e plural, sob pena de irmos assistindo ao desaparecer de títulos ou ao seu definhar paulatino.
Porque, diga-se o que disser, nada dispensa o prazer de folhear um jornal enquanto se bebe café, descortinando o anúncio da casa, chorando uma partida  na necrologia ou vendo divulgado um novo autor ou um filantropo desconhecido. No fundo, questionando a floresta sem deixar de arranjar tempo para a árvore. Para isso há que ter arrojo, apelar aos criativos, montar uma rede de correspondentes que levem a todos a notícia da sua rua, aldeia, empresa ou escola, evoque os que fazem e incentive outros  a fazer. Se assim não for, a não ser para promoção de políticos de ocasião ou para aproveitar algum pouco mercado publicitário enfeitando-o com algumas notícias pela rama, a imprensa regional terá dificuldade em sobreviver. Uma nova etapa é precisa.

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