quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Zeca, maior que o pensamento



Passam a 23 de Fevereiro,  25 anos sobre a morte de Zeca Afonso, património imaterial da música portuguesa.
Zeca Afonso ficará para a História como o exemplo maior da luta de uma geração pela liberdade. Influenciado pelas correntes de mudança que se faziam sentir na Coimbra do tempo, onde foi aluno e no convívio com figuras como António Portugal, Manuel Alegre ou Adriano Correia de Oliveira, José Afonso rompe com o acompanhamento das guitarras de Coimbra, fazendo-se acompanhar, nas canções Minha Mãe e Balada Aleixo, pelas violas de José Niza e Durval Moreirinha. Em 1963 saem os primeiros temas de carácter vincadamente político, Os Vampiros e Menino do Bairro Negro, integrando o disco Baladas de Coimbra, que viria a ser proibido pela Censura. Os Vampiros, juntamente com Trova do Vento que Passa (um poema de Manuel Alegre, musicado e cantado por Adriano Correia de Oliveira, que nos deixou também há 30 anos)) viriam a tornar-se símbolos de resistência anti-salazarista da época.
Foi em Maio de 1964 que actuou na Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense, onde se inspira para fazer a canção Grândola, Vila Morena. A música viria a ser a senha do Movimento das Forças Armadas no golpe de 25 de Abril de 1974, permanecendo como uma das músicas mais significativas do período revolucionário.
Em 1971 edita Cantigas do Maio, no qual surge Grândola, Vila Morena. Zeca participa em vários festivais, sendo também publicado um livro sobre ele e lança o LP Eu vou ser como a toupeira. Em 1973 canta no III Congresso da Oposição Democrática e grava o álbum Venham mais Cinco. Ao mesmo tempo, começa a dedicar-se ao canto, e apoia várias instituições populares, enquanto que continua a sua carreira política na Liga de Unidade e Acção Revolucionária.
Entre Abril e Maio de 1973 esteve detido na prisão de Caxias pela PIDE/DGS. Após a Revolução de 25 de Abril de 1974, acentua a sua defesa da liberdade, tendo realizado várias sessões de apoio a diversos movimentos, em Portugal e no estrangeiro; retoma, igualmente, a sua função de professor. Continuou a cantar, gravando o LP Coro dos Tribunais, ao mesmo tempo que se envolve em numerosas sessões do Canto Livre.
Os seus últimos espectáculos terão lugar nos coliseus de Lisboa e do Porto, em 1983, numa fase avançada da sua doença. No final desse mesmo ano foi-lhe atribuída a Ordem da Liberdade, que recusou.
Num tempo diferente, mas que igualmente apela à mobilização e resistência, lembrar José Afonso como ícone e exemplo é obrigatório, pelo que associando-se à efeméride a Alagamares (www.alagamares.net) associação de Sintra, se juntou ao projecto Maiores que o Pensamento, que durante o ano vai lembrar os 25 anos da partida de Zeca e os 30 de Adriano Correia de Oliveira, e fará no dia do seu 7º Aniversário, dia 9 de Março, no Ginásio do Sport União Sintrense, na Estefânea, Sintra, uma justa e sentida homenagem..

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