segunda-feira, 7 de maio de 2012

Ventos novos em Paris, a leste nada de novo

O quadro de rostos no panorama político europeu mudou um pouco este domingo, com a eleição de Hollande, o saco de gatos grego e o regresso de Putin. Contudo, de realce que no olho do furacão continua e continuará por certo a política de austeridade provinda de Berlim, até agora por via do eixo Merkozy, mas sempre de inspiração germânica.
A política europeia tem vindo a privilegiar os mercados e não a sociedade, e muito menos as pessoas, fazendo com isso empalidecer o projecto europeu que neste transe tanto pode dar o pulo em frente no sentido da afirmação no espaço global ou de vez ser enterrado, no regresso à Europa das pátrias, mas em muito piores condições no mundo global face à ascensão da China e dos BRICS em geral. Com Hollande, regressa uma visão keynesiana, de afirmação do estado como promotor de despesa e investimento, mas também um discurso onde as pessoas ainda contam, malgré lui. E isso, só por si, já será importante. Mas só uma onda de fundo no sentido do virar de página que tem em Berlim o seu destino permitirá redesenhar a Europa, que terá de ser dos cidadãos ou não será.
O caminho não é seguro ainda, até porque Hollande presidente ainda pode vir a ter de coabitar com um governo de direita que eventualmente saia das legislativas de Junho, a Grécia promete prolongar a agonia e Merkel apesar de tudo tem sabido governar para a Alemanha, se bem que não para a Europa. Contudo, é tempo de dar uma resposta política à crise financeira e cercear a avidez da mão bastante visível dos mercados.

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