quarta-feira, 29 de maio de 2013

Não deixemos fechar o Museu do Brinquedo!


Depois do escândalo de lesa cultura que foi o procedimento do Estado para com a Casa das Histórias, de Paula Rego, Cascais, a sanha ceifadora ronda agora Sintra, onde, devido à nova lei das fundações se anuncia que  a autarquia terá de deixar de subsidiar o Museu do Brinquedo no fim deste ano, levando este a encerrar ou ter  mudar para outras instalações, sem garantias de local ou verbas que possibilitem esse fim.

Instalado na Vila Velha desde 1987, e funcionando como museu desde 8 de Novembro de 1997 nas instalações da antiga Casa da Câmara e dos Bombeiros Voluntários de Sintra, este espaço, assente na colecção que ao longo de anos João Arbués Moreira foi acumulando, integra mais de 60 mil brinquedos, tendo o arquitecto Aires Mateus expressamente recuperado o edifício para o efeito. A Câmara Municipal cedeu o espaço gratuitamente e apoia a Fundação Arbués Moreira, que gere o equipamento, com um subsídio mensal de cinco mil euros.

Com a nova Lei-Quadro das Fundações a Câmara de Sintra fica sem possibilidade de manter os apoios, caso contrário, a autarquia perderá 10% da verba que o Governo transfere para os municípios. A direcção terá já sido oficiada anunciando a cessação dos apoios financeiros.

O museu, além de ser um pólo de atracção de turistas para o concelho, assegura sete postos de trabalho, funcionando com um orçamento mensal de 15 mil euros. De uma média de 5000 entradas por mês, com a crise que se atravessa, passou para as 3300, sendo a receita quase exclusivamente da bilheteira.

No Museu do Brinquedo pode descobrir-se como eram as casas, como as pessoas se vestiam, como eram os carros ou os soldados, num mundo que a adultos e crianças seduz.

A colecção resulta da recolha feita ao longo de mais de 60 anos por João Arbués Moreira, que começou a juntar brinquedos oferecidos e herdados aos 14 anos e com o passar do tempo foi adquirindo outros, e encontra-se exposta nos 4 andares que compõem o Museu, contemplando brinquedos dos séculos III e II A.C, dos séculos XVII e XIX, comboios, barcos, automóveis Carette, Lehman ou Bing, personagens do circo, brinquedos espaciais etc. Relevo ainda para os automóveis Citroën, Jep, Rossignol, Paya, Rico, Schucco, Gama, TCO, Dinky toys, Matchbox, Ingap, Burago, Polistil ou Maestro, motas, uma grande variedade de soldadinhos de chumbo e massa, carros de pedais, triciclos, trotinetas ou aviões, para rapazes, em especial.

Para as meninas de todas as idades, casinhas de bonecas, bonecas de vários materiais, utensílios domésticos, mobiliário em miniatura, bonecas japonesas e a boneca Barbie.

De 1998 a 2012 mais de 730.000 pessoas visitaram o Museu do Brinquedo, numa média anual de 50.000 visitantes, sendo 71% portugueses e 29% estrangeiros

As notícias agora vindas a público lançam o alerta e impõe que se encontre uma solução de engenharia jurídica que preserve aquele que é um dos mais completos museus portugueses da especialidade, e que, a fechar, despovoaria ainda mais o Centro Histórico de motivos de interesse, além de desperdiçar todo o trabalho e despesa ali dispendido pelos fundadores e pela autarquia local.

Não deixemos fechar o Museu do Brinquedo!

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