sábado, 5 de abril de 2014

Lutas Antigas pelo Património


5 de Abril de 1934 marca uma etapa na luta pela defesa do património em Sintra, noutros tempos e conjunturas.

Efectivamente, a 3 de Fevereiro desse ano  o Conde de Sucena, proprietário do Palácio de Seteais (mas só do Palácio) apresentara à câmara a remissão do foro e o pedido de ajardinamento do campo de Seteais, aforado desde 1801 mas de pública fruição no que aos espaços exteriores respeitava. A ideia era "privatizar" os jardins, usados desde sempre como caminho público e até campo de treinos do Exército, e dotá-lo de uma cerca, que, na prática, constituiria um aproveitamento exclusivo por parte do conde daquilo que desde sempre a todos pertencia. O tema causou indignação  nessa época, tendo o Jornal de Sintra pela pena de José Alfredo da Costa Azevedo, na altura um jovem colaborador assinando artigos com o pseudónimo de Zé da Vila, inflamado a opinião, em crónicas e versos dedicados ao tema e apelando mesmo a que tocasse a rebate o sino da Torre da Vila caso os propósitos de Sucena fossem por diante. Após muita pressão da população e da imprensa, o conde de Sucena acabou por desistir do projecto de ajardinar Seteais a 5 de Abril seguinte, acabando por respeitar a carta de aforamento concedida ao Marquês de Marialva em 1801, numa clara vitória popular em que o Jornal de Sintra tomou uma posição em prol das grandes causas, reflectindo o sentir das populações.

Em anos mais recentes, com a Alagamares e outros defensores locais da causa do património na linha da frente da contestação, novo encerramento, e tentativa de tornar privado o que desde 1801 é público, desta vez a pretexto de obras subterrâneas e restauro do hotel, concessionado à rede de Hotéis Tivoli, tendo mesmo sido promovidas conferências de imprensa e denúncia do facto junto dos partidos e dos órgãos municipais.

É de mobilização a favor de causas favor das causas cidadãs que Sintra hoje continua a necessitar. Não queremos mais Condes de Sucena, e o património, se é Mundial, é de todos nós antes demais.

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