quinta-feira, 15 de maio de 2014

Uma visita à Ribafria



A Quinta de Ribafria, nos limites de Sintra, foi adquirida por Gaspar Gonçalves,em 1525 elevado à condição de Cavaleiro da Ordem de Cristo, e, que em 1536 instituiu a propriedade como cabeça de morgadio. Em 1541 D. João III, por carta passada em Lisboa, concedeu ao cavaleiro Gaspar Gonçalves carta de armas e o título de Ribafria, o qual encetou então obras na quinta, designadamente, fazendo erguer uma torre na qual apôs, em bom trabalho de cantaria, as suas armas, e reformulando (ou acrescentando) outros espaços de modo a torná-los consentâneos com o seu novo estatuto. Apesar das obras que o solar sofreu ao longo do tempo, a sua planimetria ainda hoje é praticamente coincidente com as indicações constantes no Tombo e Medição do Morgado de Gaspar Gonçalves de Ribafria, datado de 1542. Atendendo às similitudes entre a fonte do pátio de lajedo e uma outra existente no seu paço na Vila, datado de 1534 e assinado por Pero Pexão (que mais tarde veio a ser mestre de obras do Paço Real),atribui-se a este a remodelação renascentista .No século XVIII, um descendente de Gaspar Gonçalves, entre outras obras, acresceu um sobrado à torre. Já no século XIX e após a falência dos Ribafria (à época condes de Penamacor) a Quinta foi adquirida em hasta pública por Ferreira Braga que, segundo alguns autores, desfeou o edifício introduzindo elementos extemporâneos.

Em 1902, novamente em hasta pública, foi comprada por Jorge José de Mello, 2.º Conde do Cartaxo, o qual introduziu um anexo à torre, abriu mansardas sobre a casa de jantar e janelas ovóides na cave. Mais tarde, o seu neto, Jorge de Mello, comprou aos restantes familiares as partes que lhe cabiam em herança e, sob a orientação do Arquitecto Vasco Regaleira, executou grandes obras, quer adaptando os arruinados anexos a zonas de habitação, quer, sobretudo, devolvendo ao solar o prospecto renascentista, e dentro do espírito revivalista, que em Sintra, perdurou até muito tarde, enriqueceu o interior com diversas estruturas neo-renascentistas. No que concerne à da quinta agrícola envolvente, e com projecto do paisagista Francisco Caldeira Cabral, esta foi transformada num bucólico espaço de contemplação

A Câmara Municipal de Sintra, exerceu o direito de preferência e fez a aquisição da Quinta da Ribafria em 17 de Dezembro de 2002, em cumprimento de deliberações da Câmara de 12 e 27 de Dezembro de 2001 e da Assembleia Municipal de 3 de Janeiro de 2002.

O anterior proprietário (desde 1988), era o Instituto Francisco Sá Carneiro/Fundação Friedrich Nauman, que por sua vez a tinha adquirido a Jorge Augusto Caetano José de Mello Presidente do Conselho de Administração da CUF.

Recentemente, ali decorreram filmagens da obra de Raul Ruiz “Mistérios de Lisboa”.

Um grupo de sintrenses, sob a égide da Alagamares, ali fez uma visita dia 10 de Maio, no sentido de ver o estado de conservação do local, encerrado desde 2003,com espírito crítico e construtivo, como é seu apanágio, e tudo fará para ver a integral reabilitação e uma pública e útil fruição daquele monumento do século XV.
Algumas imagens da visita de 10 de Maio:



 Alguns dos participantes na visita




 Pormenores decorativos





 Zona deteriorada usada pela Fundação Friedrich Neumann, ante-proprietária





 Estatuária a carecer de intervenção


Depois de ter sido intervencionada pela Escola Profissional de Recuperação do Património nos anos 80, assim se encontra este local


 Brazão dos Ribafrias


 Brazão no tecto dum dos salões


 Pormenor decorativo





 Brazão dos Mellos, Condes de Cartaxo


 Alto relevo na igreja


 Vista do lago e jardins


 Tecto doutra das salas


 Enxame de abelhas mortas povoando um dos quartos


 Vista do telhado a partir da Torre





 Estado de conservação dos jardins


 Aspecto degradado do tecto do salão principal


 Aspecto do salão principal


 Corredor (um dos vários)


 Vista sobre o jardim


 Escada em perigo de ruína


 Matagal, uma imagem de marca




Aspecto da Torre

Aspecto do alçado posterior




Estatuária no jardim de acesso à Capela , rodeada de pervincas




Caminho na mata posterior da quinta



A mina de água, localizada em zona de floresta densa, protegida por uma grade, por ora enferrujada




Pormenor a partir da entrada






Nora, enferrujada e em risco de ruína



O rio das Maçãs, de Colares ou Galamares, consoante a perspectiva, dentro da Quinta. Nasce em Lourel e desagua na Praia das Maçãs 

2 comentários:

  1. Que a vossa iniciativa sirva para lançar as sementes da ação necessária à reabilitação deste imóvel de rica história e, espero, do seu usufruto por todos, enriquecendo ainda mais o conjunto dos destinos culturais de Sintra.
    Pela minha parte vou estar mais de olho nas iniciativas da Alagamares, para não perder outras visitas como esta.

    ResponderEliminar
  2. Adorei a visita!! Apesar do estado de degradação, gostei de ver,

    Grata!

    ResponderEliminar